Eros fez parte do trabalho e estudo de muitos filósofos e poetas, sua imagem e aspecto foram evoluindo com isso. A história do Cupido descende do mito grego de Eros (ver também), que se tornou popular através da obra do poeta grego Hesíodo, no séc. VIII a.C..
Hesíodo o descreveu como a energia cósmica de atração, que explica a união de todos os seres, descrito como filho de um Deus, fecundado no dia de nascimento de Afrodite (Vênus) e do deus Marte. Sua imagem evoluiu para a de um adolescente ou criança (simbolizando sua personalidade travessa), com asas (simbolizando sua rapidez), virando o Cupido da versão romana.
Ao nascer, Cupido foi escondido por sua mãe na floresta e teve de permanecer lá por muito tempo. É que Júpiter, enciumado por causa de sua beleza, ordenou que a criança desaparecesse. Durante este tempo, Cupido foi alimentado com leite de animais e aprendeu a dominar os segredos do arco e flecha. Assim começou a ensinar aos homens que o amor é o sentimento mais importante que existe, capaz de superar qualquer obstáculo.
Embora fosse algumas vezes apresentado como insensível e descuidado, Cupido era, em geral, tido como benéfico em razão da felicidade que concedia aos casais, mortais ou imortais. No pior dos casos, era considerado malicioso pelas combinações que fazia, situações em que agia orientado por Vénus.
Teve um romance muito famoso com a princesa Psiquê, a deusa da alma.
Mandai-me Senhores, hoje
que em breves rasgos descreva
do Amor a ilustre prosápia,
e de Cupido as proezas.
Dizem que de clara escuma,
dizem que do mar nascera,
que pegam debaixo d’água
as armas que o amor carrega.
O arco talvez de pipa,
a seta talvez esteira,
despido como um maroto,
cego como uma toupeira
E isto é o Amor? É um corno.
Isto é o Cupido? Má peça.
Aconselho que não comprem
Ainda que lhe achem venda
O amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias
Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um reboliço de ancas,
quem diz outra coisa é besta.
Gregório de Matos
CUPIDO E PSIQUÊ
Um certo dia, Vênus estava admirando a terra quando avistou uma bela moça chamada Psiquê. Vênus era uma deusa muito vaidosa e não gostava de perder em matéria de aparência, muito menos para uma mortal.
Enquanto isso, no Monte Olimpo, Vênus chamou seu filho Cupido: "- Meu caro filho, preciso de um grande favor seu. Quero que você vá a terra e atire uma de suas flechas de amor em Psiquê, e faça com que ela se apaixone pelo homem mais feio do planeta". Cupido gostava muito de sua mãe e não quis contrariá-la.
Quando anoiteceu, Cupido foi até a casa de Psique. se preparou para atirar, esticou o seu arco e quando ia soltar a flecha, Psiquê moveu o braço, e Cupido acertou ele mesmo. A partir daquele instante Cupido ficou perdidamente apaixonado pela jovem.
No dia seguinte, Cupido foi falar com Zéfiro (o vento oeste) e pediu para que transportasse Psique para os ares e a instalasse num palácio magnífico, onde era a casa de Cupido. Quando a noite caiu, a moça ouviu uma voz misteriosa e doce: "- Não se assuste, Psiquê, sou o dono desse palácio. Ofereço a ti como presente de nosso casamento, pois quero ser seu esposo. Tudo que está vendo lhe pertence. E tudo que deseja será concebido. Zéfiro estará às suas ordens, ele fará tudo o que você quiser. Eu só lhe faço uma exigência: não tente me ver. Só sob esta condição poderemos viver juntos e sermos felizes".
Toda noite Cupido vinha ver Psiquê, mas em uma forma invisível. Mas quando Cupido adormeceu, Psiquê escondida e em silêncio pegou uma lamparina e acendeu-a, e quando ela viu o belo jovem de rosto corado e cabelos loiros, ficou encantada. Mas num pequeno descuido ela deixou cair uma gota de óleo no braço do rapaz, que acordou assustado e, ao ver Psiquê, desapareceu. O encanto todo acabou, o palácio os jardins e tudo que havia em volta desapareceu, como num passe de mágica.
Desconsolado, Cupido voltou para o Olimpo e suplicou a Júpiter que lhe devolvesse a esposa amada. O senhor dos deuses respondeu: "- O deus do amor não pode se unir a uma mortal".
Mas Cupido protestou. Será que Júpiter que tinha tanto poder não podia tornar Psiquê imortal? O senhor dos deuses sorriu lisonjeado. Além do mais como poderia de deixar de atender a um pedido de Cupido, que lhe trazia lembranças tão boas? O deus do amor o tinha ajudado muitas vezes, e talvez algum dia Jupiter precisaria da ajuda de Cupido de novo. Seria mais prudente atender o seu pedido.
Jupiter mandou Mercurio ir buscar Psique e lhe trouxesse para o reino celeste. Então Jupiter, o soberano, transformou Psiquê em imortal. Nada mais se opôs aos amores de Cupido e Psiquê, nem mesmo Vênus, que ao ver seu filho tão feliz se moveu de compaixão e abençoou o casal. Seu casamento foi celebrado com muito néctar, na presença de todos os deuses.
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