No Japão Feudal, ainda não aberto ao Ocidente, do século XVII, que se vai encontrar a verdadeira origem do mercado de futuros, o primeiro caso registrado de um comércio organizado de futuros. Proprietários rurais de grandes posses e senhores feudais encontravam-se espremidos entre uma economia monetária em expansão, nas cidades, e sua fonte de recursos, a agricultura primária. Os pagamentos que recebiam dos arrendatários eram feitos na forma de uma participação na colheira anual de arroz. Essa renda era irregular e sujeita a incontroláveis como o clima e outras características sazonais. Uma vez que a economia monetária exigia que a nobreza tivesse caixa disponível, todo o tempo, a instabilidade nas receitas estimulou a prática do embarque marítimo do arroz excedente para os centros principais, Osaka e Edo, onde a mercadoria podia ser armazenada e vendida quando fosse conveniente. E para levantar dinheiro com rapidez, os senhores de terras começaram a vender recibos de armazenagem de bens estocados em armazéns urbanos ou rurais. Os comerciantes, por sua vez, compravam esses recibos como forma de antecipar suas necessidades (eles também sofriam com a flutuação de safras incertas). Finalmente, os "recibos de arroz" para facilitar as transações, tornaram-se amplamente aceitáveis como moeda corrente.
Algumas vezes, entretanto, as reservas de arroz estocado eram insuficientes para fazer face ás necessidades da nobreza, situação em que os comerciantes emprestavam dinheiro a juros aos senhores de terras, antes da venda efetiva dos "recibos de arroz".
Ao final do século XVII o mercado de arroz de Dojima caracterizava-se pelo fato de só ser permitido negociar em contratos futuros. Por volta de 1730, o Shogunato Tokugawa (governo Imperial), designou e oficialmente reconheceu o mercado como "chao-ai-mai", literalmente "arroz comercializado no livro", isto é, "arroz escritural". Várias normas do "cho-ai-mai-kaisho" (mercado de arroz escritural) eram surpreendemente similares às do comércio atual de futuros nos Estados Unidos.
Curiosamente, a principal diferença entre o mercado do "cho-ai-mai" e o moderno mercado de futuros é que ali nunca era possível a entrega física da mercadoria - o que se de um lado assegurava ao Japão de 1730 a prática original (e até hohe única) de um mercado uro de futuros, de outro provocava dramáticas flutuaçoes de preço.
Tanto, que em 1869 o Governo Imperial ordenou a reorganização do mercado de forma a possibilitar, também, a entrega da mercadoria, adaptando-se o Japão às práticas conteporâneas e internacionais com futuros.
FORBES, Luiz. Bolsa Mercantil & de Futuros
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