Já havia postado em 2010 o porquê dos nomes dos meses. Veja aqui.
Agora irei postar a história dos meses, de forma mais completa. Retirada da coleção Tesouro da Juventude
Com a aparição do Cristianismo acabou a crença nas divindades pagãs, mas, apesar disso, a memória desses deuses e deusas vive ainda e viverá sempre em muitas formas e traduções. Estreitamente ligados aos seus nomes aos costumes e instituições dos romanos, nomeadamente à contagem do tempo, conservamos, por exemplo, no nosso calendário, que procede do estabelecimento por Júlio César. Podem-se contar as línguas, como o árabe e o hebreu que não derivam os nomes dos meses dos deuses romanos.
Vamos tração a história dos nomes dos doze meses.
Primeiro aparece uma figura estranha, um deus com duas caras, um deus que olha para diante e para traz, e que segura na mão esquerda uma chave: é Jano. Os romanos adoravam Jano num templo que estava aberto durante as guerras e que se fechava quando havia paz. Era o deus dos princípios e dos fins; o romano religioso que queria começar ou acabar qualquer coisa bem, implorava a proteção de Jano. Esse deus era também o porteiro do céu, e os romanos tinham-no como protetor das suas portas e portões.
Como o ano tem 12 meses, assim o seu templo tinha 12 portas. A ideia que sugeriu a maneira de representar o deus Jano foi muito feliz. Com efeito, atribuía-se a faculdade de ver ao mesmo tempo o futuro e o passado, por isso as suas estatuas o mostram com duas caras, olhando em direções opostas, e, se nos lembrarmos do que o início do ano é a ocasião de considerar o tempo que passou e de pesar no que nos trarão os novos doze meses que começam, veremos quanto acertaram os autores dessa representação simbólica.
Segue-se ao deus Jano, na nossa imaginaria comitiva, uma majestosa dama romana. É Februa, a deusa das purificações. Celebravam-se no segundo mês do ano festas especiais em honra de Juno e de Plutão, rei dos infernos; e havia sítios especiais para aplacar as almas dos defuntos. Estas festas eram também de expiação para o povo, e chamavam-se februaes. Fevereiro é o mês mais curto do ano, pois tem 28 dias nos anos comuns e 29 nos bissextos. Porque, constando o ano aproximadamente de 365 dias e 6 horas, ao cabo dos quatro anos essas 6 horas formam um dia, que se agrega a fevereiro por ser este o mês mais curto de todos. Data esta inovação do tempo de Júlio Cesar, o qual, vendo os inconvenientes que resultavam de se não tomarem em conta aquelas 6 horas, chamou a Roma o astrônomo Sosigenes, de Alexandria, o qual propôs que de quatro em quatro anos se repetisse o dia 24 de Fevereiro, que se chamava "sexto kalendas martii"; daí o ficar o mês com mais um dia, denominado bissexto. Os romanos consideravam as festas de Februa como sendo de purificação espirititual.
A terceira figura do cortejo passa num carro puxado por dois cavalos cujos nomes são Terror e Fuga. É uma figura de guerreiro ameaçador, manejando uma comprida lança, levantando para o céu um escudo luzidio e erguendo a sua cabeça altiva, de forma que é iluminado pelos raios do seu capacete. É marte, o deus da guerra.
Para os romanos era mais do que um guerreiro, era um deus que podia conseguir turo pela sua grande força. Pediam-lhe chuva, consultavam-no sobre os casos da sua vida particular sacrificando no seu altar um cavalo, carneiro, lobo , pêga ou abutre.
Quando os soldados iam para a guerra levavam uma gaiola com galinhas consagradas a Marte, e antes do combate dava milho a estas aves sagradas, vendo com ansiedade se o milho era comido com avidez ou rejeitado; se comiam, Marte iria os proteger, se não comiam, má sorte os esperava. Associavam Marte com o trovão e o relâmpago mas apesar disso estavam convencidos de que o pica-pau batendo num tronco dava a resposta do deus barulhento às suas súplicas. Tal era o deus que deu o nome ao terceiro mês do ano.
Como é diferente a quarta figura do nosso cortejo! Não é nem deus nem deusa. É o anjo da primavera!
Gracioso, delicado, meigo e bom. Depois de Marte aparece Abril, espalhando pela terra lindas flores e fazendo nascer nos sulcos feitos pelas rodas do carro do guerreiro, flores tão pequeninas, tão bonitas e tão delicadas. Abril é "O que abre". Os romanos viram que este mês fazia renascer todas essas lindas coisas que se tinham escondido aterrorizadas cm o vento do inverno; em Abril, na Europa, renova-se a vida dos campos, as arvores cobrem-se de folhas, aparecem as mais belas flores.
Atras de Abril vem a deusa Maia, sentada num trono de luz. Seu pai chamava-se Atlas e suponha-se que sobre os seus ombros assentava o mundo inteiro. Tinha sete filhas das quais a mais celebre foi Maia, cujo filho era Mercurio, que supunham levar as ordens dos deuses para a terra. Júpiter o pai de todos os deuses, levou Maia e as suas irmãs e colocou-as como estrelas no firmamento. Supunha-se serem elas que formavam o grupo de estrelas chamado as Pleiadas. A sétima estrela do grupo é invisível; representam uma das irmãs que casou com um homem chamado Sisypho, e desde então, como o pobre Sisypho foi condenado a rolar eternamente uma pedra por um monte acima, ela envergonhada, escondeu a cara.
Seguem-se no cortejo duas figuras disputando o sexto lugar! Uma é a deusa Juno e a oura é um homem, Junio. Ha divergência de opiniões sobre o nome deste mês, que uns supõem consagrado a Junio, e outros que são a maioria, à deusa Juno.
Juno era rainha do céu e esposa de Júpiter Seu trono de ouro estava jundo do de seu marido. Todos os deuses lhe prestavam homenagem quando se apresentavam no palácio de Júpter; tinha poderes superiores, por virtude dos quais exercia domínio nos fenômenos celestes, produzia o trovão nas alturas, desencadeava os ventos e mandava nos astros. Gostava de passear pelos bosques sagrados em um carro puxado por pavões.
A sérima figura no cortejo é um dos maiores homens que existiram. foi um guerreiro e um imperador, Júlio César! Quando o ano começava em Março este mês era o quinto, e os romanos chamavam-no quintilius, que significa o quinto. Júlio César não só conquistou nações, fez leis celebres e escreveu livros imortais, mas também emendou o calendário, que estava em estado deplorável. O tempo e os meses já não se correspondiam como antigamente, a primavera vinha em Janeiro e o inverno nos meses que deviam corresponder à primavera. O mês quintilius foi eliminado em sua honra, romando o sou nome, Julio.
Depois de Júlio César veio o seu sobrinho Augusto.
A princípio chamava-se Octavio e governou os romanos com Marco Antônio e Lepido. Por fim foi imperador, e fez muito para a gloria e engrandecimento do seu magnifico império, o povo na intenção de lhe agradar mudou o seu nome para Augusto, que significa nobre. Chamaram então Augustus ao oitavo mês do ano. Ora Júlho , o mês de César, tinha 31 dias, e Agosto só trinta; os romanos, pensando que Augusto se poderia julgar melindrado pelo dia a mais de César tiraram um dia a Fevereiro e puseram no em Agosto. É fácil lembrar que julho e agosto tem 31 dias recordando-nos dos dois grandes imperadores. O oitavo mês foi escolhido para ter o nome que tem porque era nessa ocasião que Augusto celebrava os principais acontecimentos da sua vida. Foi em agosto que ele foi feito consul, que acabaram as suas guerras e que conquistou o Egito. Augusto ficou na história como uma grande personagem. O seu reinado recebeu o nome de Idade do Ouro porque ele não só trouxe paz ao undo, farto e cansado de guerras, mas também porque muito floresceram então a arte e a literatura. Os poetas imortais Horácio e Virgílio viveram nesta época, fundaram então librarias e construíram-se templos por toda a parte.
Foi no reinado deste imperador poderoso que, longe, na Síria, nasceu a criança cujo reinado ainda não acabou e cujo nascimento criou uma época. Nunca o imperador orgulhoso pensou, quando se gabava no seu palácio de ter encontrado Roma feita de tijolo e tal a deixado de mármore que existia já uma crença que dividiria as épocas da terra e poria uma Cruz entre o reinado de Augusto e o começo de uma nova religião.
Augusto é a última personagem da procissão pagã a que assistimos. Os outros meses aparecem disfarçados com nomes enigmáticos que trataremos de decifrar.
Para compreendermos o nome do mês Setembro é necessário recordar que o primitivo ano romano constava de dez meses e que começava em Março, sendo portanto setembro o sétimo mês nessa série, e por isso representado pelo número sete. Este número lia-se em latim "septem" de onde derivou "september" em português Setembro
Era outubro para os romanos, como hoje é para os povos que lhes sucederam no continente europeu, o mês das colheitas e vindimas.
Este nome provém de "octo" que em latim significa oito. Com efeito, era o oitavo mês do antigo calendário romano, passando a ser o décimo quando Numa, rei de Roma, fixou o princípio do ano primeiro dia de Janeiro, mas outubro não mudou de nome pelo fato de mudar de logar na série dos meses. Celebravam neste mês, tanto os romanos como os gregos, muitas festividades. Em uma dessas festas era costume atirar aos poços e fontes coroas tecidas de flores e ervas, como tributo às ninfas, a quem tais festas eram consagradas. Era também o mês da colheita das frutas, cujas primicias se ofereciam às divindades.
O mês seguinte era o nono no primitivo calendário romano, e por isso lhe chamavam "november". Contava-se entre os mais importantes pelo que respeita a festividades e ritos religiosos, e estava consagrado a Diana, deusa das montanhas e dos bosques. Começava com um banquete dedicado a Júpiter e com os jogos circenses, chamados assim porque se realizavam no circo. No mesmo mês se celebravam os jogos instituídos para comemorar a reconciliação de patrícios, ou nobres, e plebeus, se ofereciam sacrifícios a Neturno, deus dos mares, e faziam as festas "brumaes", ou do inverno, por começar então na Itália o tempo chuvoso, nevoento, frio, desagradável.
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Fecha o nosso cortejo a última das personagens que tem por nome um número disfarçado com a mesma estranha terminação do latim "December" de dez - o décimo e último mês do antigo calendário romano. É costume figural hoje por um velho de barbas brancas, que traz brinquedos para dar às crianças na época do Natal. Para algumas pessoas esse velho representa S. Nicolau, que viveu no século IV e é considerado como patrono das crianças. Esta ideia origina-se numa lenda segundo a qual S. Nicolau teria feito ressuscitar três crianças que haviam sido assassinadas por um carniceiro. Dezembro é um mês característico do frio inverno, nos países da Europa, e por isso o representam numa paisagem desolada, com os caminhos cobertos de neve
Fonte: Tesouro da Juventuda